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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Se, depois de eu morrer.. por Alberto Caeiro

Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro

Gosto muito deste poema... embora não concorde com um ou dois aspectos, a saber, considero que a visão é de todos os nossos 5 sentidos o mais enganador...com o tempo, a vida obrigou-me a ponderar no que vejo e alvitrar pelo contrário do que penso ter visualizado... mas o poema continua belo ainda que um pouco etereo

3 comentários:

gaivota disse...

é mesmo assim, num poema lindo, um princípio e depois um fim! o que fica pelo meio é de cada um...
beijinhos

helia disse...

É realmente um lindo Poema. Eu também não concordo com alguns pontos de vista, como por exemplo "Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei" Meu Deus,quantos desejos que eu não consegui realizar, apesar de ter os meus olhos bem abertos!
Uma boa semana

SerenoSobressalto disse...

É verdade, qtas vezes fiquei aquem dos seus desejos...acho mesmo que acontece com toda a gente....
Uma coisa é a realidade outra a poesia...

Obrigado pelo seu comentário


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